Foram quase 70 horas de moto disputadas ao cronómetro
Bruno Santos completou hoje a sua segunda participação no Rali Dakar, a mais dura prova de todo-o-terreno do mundo.
Duas participações, dois Dakar’s concluídos com sucesso. Foram mais de 8000 quilómetros, 5000 dois quais cronometrados num total de quase 70 horas de competição que o piloto inscrito pelas Frutas Patrícia Pilar disputou aos comandos da uma Husqvarna 450 Rally, superando adversidades e enfrentando todos os desafios – e foram muitos – com os quais se foi deparado ao longo de uma edição particularmente dura.
Foi um Dakar pautado por uma primeira parte demolidora e que contemplou a etapa de 48 horas logo seguida de uma etapa maratona. A segunda parte – felizmente menos problemática – foi em boa parte disputada nas exigentes dunas do Empty Quarter, um dos maiores desertos do planeta e a maior área contínua de areia do mundo. A derradeira especial cronometrada com apenas 61 km hoje disputada foi para o piloto apoiado pela Momento TT “mesmo muito bonita. Toda ela disputada em dunas muito divertidas de percorrer, com alguma velocidade e a contemplar muitos saltos. E estar aqui hoje à chegada é magnifico”.
Em jeito de balanço, o piloto de Torres Vedras salienta que “comecei muito bem este Dakar, vinha com uma boa expectativa. Comecei com bons resultados no prólogo, na primeira etapa. Estava com um bom ritmo, apesar de por vezes o resultado não conseguir espelhar aquilo que estava a ser a corrida, mas eu estava com bons tempos. Complicou-se um pouco quando comecei a ter alguns problemas como: sujidade no combustível na quarta etapa e quinta, a etapa maratona, em que andei dois dias cerca de 600 km de especial até terminar com um dos apoios do guiador partido. Não tinha controlo sobre a mota, tive de me desenrascar, tive de arranjar forma de o fixar o mais possível, o que me obrigou a parar por diversas vezes. O facto do guiador não estar bem ligado à mota fez com que caísse algumas vezes também. Depois tive problemas com o depósito de combustível, que se rompeu. Tive de transferir diversas vezes combustível para a mota ao longo desses dois dias que foram particularmente duros devido a essa situação. Houve também etapas em que já cheguei de noite ao bivouac. É difícil rolar de noite de mota nestas especiais. Houve alturas em que tive inclusivamente de retirar combustível de outras motas que se encontravam paradas no deserto por avarias e já não estavam lá os pilotos, outra em que desmontei de um automóvel de um piloto que estava já fora da corrida, uma abraçadeira para segurar coisas na minha mota”, refere Bruno Santos que apesar de todas estas contrariedades, se mostra satisfeito pela sua performance neste Dakar:
“Foram duas semanas muito físicas, muito intensas, foi um Dakar muito duro. Para mim, muitas adversidades fizeram torná-lo ainda mais duro. Estou contente por ter sido capaz de superar os obstáculos, por ter conseguido arranjar forma de me desenrascar. Foi um grande desafio, mas ao mesmo tempo tenho um sentimento de uma grande superação. Apesar do resultado não ser o que ambicionava à partida, finalizar este Dakar com todas as etapas concluídas, ser um Dakar fisnisher deixa-me muito feliz. O Dakar é implacável, foi forte, deu muita luta, mas eu fiz o meu papel: lutei sempre e até ao fim e trouxe a mota até ao final”, remata o piloto.
A 47ª edição do Rally Dakar arrancou no dia 3 de janeiro. Foram 14 dias da mais pura competição a compreender um prólogo e 12 etapas, algumas das quais verdadeiramente demolidoras para pilotos e máquinas.
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